sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Como sobreviver em Brasília

IPC: No começo vocês encontraram espaço em Brasília para divulgar a banda?

MCA: (Silêncio) Olha, é claro que a gente encontrou dificuldade, como toda a banda no início enfrenta dificuldades. Nós lutamos muito é claro, mas nós concordamos que isso faz parte do processo até você conquistar o seu próprio espaço. No início nós tocávamos desde formatura de escola de inglês, sabe, até em aniversários, churrasco de faculdade, etc. Então a gente sempre esteve correndo atrás do nosso espaço e se fazendo presente para que fossemos reconhecidos.

Houveram dois marcos na nossa história que também exigiram da banda uma postura mais profissional. Nós corríamos atrás do nosso espaço, mas também a hora que o conquistamos vimos que precisávamos dar um aspecto mais profissional para a banda e tomar uma postura mais séria, como uma banda que já tinha cativado um público. São eles: o primeiro Porão do Rock de Brasília, em 2000, e o Brasília Music Festival (BMF) em 2003.

O BMF exigiu da gente um profissionalismo que a não tínhamos. Em uma semana tivemos que arrumar equipe com técnico de som, iluminador, técnico de luz e um produtor. Foi aí que o Fabrício Fuji começou a trabalhar conosco, porque o produtor do festival nos disse que não negociava com músico, somente com o produtor. Ai nós vimos que estávamos muito perdido e que precisávamos elevar a banda a um nível mais profissional.

Hoje nós somos uma empresa, temos até CNPJ e tudo, porque produzimos os nossos shows e temos todos os profissionais necessário para a montagem e produção de um show. Viajam ao todo, contando com os integrantes, 15 pessoas. Então...pra chegar a esse nível, tivemos que ralar muito, o que não deixa de ser normal.

IPC: O espaço e apoio cultural para produção e apresentação de banda independente em Brasília é mais ou menos favorável do que na época em que a banda surgiu?

MCA: É mais porque agora, todo ano, nós realizamos o projeto Móveis Convida, onde nós tocamos com bandas independentes, ou que estão surgindo agora na cidade. (Risos) É claro que não somos os únicos a incentivar essa produção, mas nós temos esse papel importante, de incentivar, ou mostrar o caminho das pedras, ou mostrar de perto o nosso trabalho para que Brasília veja que tem capacidade de formar bandas de altíssimo nível musical. Nós somos preocupados com a cultura local e é difícil encontrar uma banda que tenha essa postura hoje em dia. Temos uma importância para a cultura musical brasiliense e por isso sabemos que temos que ajudar a gerar um pouco mais esse mercado.

A internet até que ajuda um pouco essas bandas a mostrarem o seu caminho, mas não é ainda tão eficaz no Brasil como é no mundo a fora. Ainda não existe um mercado independente forte aqui, como tem nos outros países, esse mercado ainda tem muito pra crescer. Mas é claro que existe muito espaço para as bandas independentes na internet, isso é certo.

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